CNTE debate o primeiro ano do PNE no Senado
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Publicado em Quarta, 08 Julho 2015 17:18
A CNTE participou de audiência pública,
nesta quarta-feira (8/7), com a presença do Ministro da Educação no
Senado Federal, sobre o primeiro ano de vigência do Plano Nacional de
Educação. Renato Janine Ribeiro disse que é possível, sim, ter uma
Pátria Educadora, mesmo com o corte de 9,4 bilhões de reais.
Financiamento e planos locais - Entidades
apresentaram um manifesto, que pede o cumprimento das metas do PNE, e
contra o projeto que diminui a participação da Petrobras na exploração
do pré-sal, comprometendo os recursos para a educação. O presidente da
CNTE, Roberto Leão, também destacou a importância do petróleo para o
financiamento da educação e abordou o risco de não cumprimento dos
prazos do PNE. Entre outros pontos, citou os planos municipais e
estaduais, que não contaram com a devida participação da sociedade.
“Não houve conferências para que todos pudessem debater, o papel do
Fórum foi colocado em segundo plano. Se hoje temos mais de 5 mil planos,
infelizmente esses estão com muitos problemas”.
Segundo o ministro da Educação, apenas 100 municípios ainda não elaboraram os planos locais. Entretanto, a CNTE apontou a
corrida para a elaboração dos planos de educação de estados, municípios
e DF, que deveriam ser feitos em processos participativos. Entre o dia
23 de junho e a noite do dia 25 de junho, 1.801 planos foram
sancionados, fazendo com que o número total de cidades que já cumpriram a
tarefa subisse de 1.918 para 3.719. O número de Estados com os planos
sancionados passou de quatro para oito: Rondônia, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Pará, Maranhão, Paraíba, Paraná e Rio Grande do Sul. Como
a lei fala em elaborar e não sancionar, o número de Estados sobe para
21, mais o Distrito Federal, e o de municípios para 5.062. Os dados são
do portal Planejando a Próxima Década, do MEC. Importante destacar que
em muitos Estados e munícios as consultas para elaboração dos planos não
envolveram efetivamente o conjunto da sociedade. Além disso, a
mobilização de grupos conservadores para vetar as discussões sobre as
questões de gênero marcaram negativamente o processo.
O presidente também informou que houve problemas com outros prazos intermediários do PNE, a destacar:
• Elaboração do plano
plurianual, das diretrizes orçamentárias e dos orçamentos anuais da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, consignando
dotações orçamentárias compatíveis com a execução do PNE. As diretrizes e
orçamentos são matérias anuais (art. 10): O momento de grave
crise econômica, cortes no orçamento da União, de Estados e Municípios –
especialmente o corte de 9,4 bilhões no orçamento do Ministério
da Educação – apontam para um cenário em que dificilmente as
dotações orçamentárias compatíveis com a execução do PNE serão
respeitadas. Além da crise econômica, outra ameaça é o Projeto 131/2015,
do Senador José Serra (PSDB/SP), que diminui a participação da
Petrobras na exploração do pré-sal, podendo comprometer os recursos dos
royalties do petróleo e do Fundo Social do Pré-Sal.
• Estabelecimento de normas,
procedimentos e prazos para definição de mecanismos de consulta pública
da demanda das famílias por creches (Estratégia 4, da Meta 1): Segundo
o secretário executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa, em entrevista ao
site do PT Nacional, as regras da consulta pública da demanda das
famílias por creches já foram definidas. Porém, uma pesquisa nos sites
do MEC, Fórum Nacional de Educação, Planejando a Próxima Década, INEP,
Diário Oficial etc, não obteve nenhum resultado.
• Melhoria do fluxo escolar e da
aprendizagem de modo a atingir médias nacionais para o Ideb, com
aferição a cada dois anos, de acordo com o indicado (Meta 7): Nenhuma medida específica para o cumprimento dessa meta – além das medidas já adotadas – foi desenvolvida.
• Elevação da taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (Meta 9): Os
dados mais recentes são os da Pnad de 2013. Naquele ano, a taxa
de alfabetização era de 91,5% da população com mais de 15 anos. Levado
em conta que desde 2011 a taxa permanece praticamente estacionada (91,4%
em 2011; 91,3% em 2012) e que nenhuma medida extraordinária foi tomada –
além daquelas que já são desenvolvidas rotineiramente – é muito
provável que a meta não tenha sido cumprida.
• Política nacional de formação
dos profissionais da educação (Meta 15). Implantação de política
nacional de formação continuada para os profissionais da educação de
outros segmentos que não os do magistério, construída em regime de
colaboração entre os entes federados (Estratégia 11 da meta 15): O
MEC publicou no Diário Oficial da União, apenas no último dia 25 de
junho, portaria que propõe consulta pública para apresentação de
sugestões ao texto que servirá de base para redação do decreto que
instituirá́ a Política Nacional de Formação dos Profissionais da
Educação Básica – a minuta do projeto já está disponível e o prazo para
sugestões está aberto por 30 dias a partir da data da publicação dessa
portaria. Ainda sobre essa questão, o Ministro Renato Janine Ribeiro,
homologou, no mesmo dia, o parecer CNE/CP nº 2/2015 do Conselho Nacional
de Educação (CNE) sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Formação Inicial e Continuada de Profissionais do Magistério da
Educação Básica.
• Fórum permanente para
acompanhamento da atualização progressiva do valor do piso salarial
nacional para os profissionais do magistério público da educação básica
(Estratégia 1 da meta 17): O MEC publicou no Diário Oficial da
União do dia 25 de junho portaria que estabelece um Fórum Permanente
para o "acompanhamento da atualização progressiva do valor do piso
salarial nacional para os profissionais do magistério público da
educação básica". O Fórum terá três representantes do MEC, três
da Undime, três do Consed e três da CNTE.
• Aprovação da Lei de Responsabilidade Educacional (Estratégia 11 da meta 20): A
Lei da Responsabilidade Educacional continua em discussão na Câmara
dos Deputados. A matéria está sendo discutida através do atual
substitutivo ao Projeto de Lei nº 7.420/06, ao qual se encontram
apensados outros 20 projetos de lei, inclusive o do Poder Executivo (PL
8.039/10), enviado ao Congresso junto com o projeto do PNE. A CNTE
entende que a Lei de Responsabilidade Educacional deve aprimorar o
controle institucional do Estado brasileiro sobre a correta aplicação
dos recursos da educação, garantindo os insumos necessários para a
qualidade do ensino nas escolas. Para a CNTE, não é pertinente a
inclusão, nesse debate, de medidas que visam dimensionar a eficiência
das políticas educacionais.
Outros prazos - Além
das metas e estratégias que não foram totalmente cumpridas em junho, a
CNTE chamou a atenção para os mecanismos que tem prazo final em 2016,
como é o caso do sistema Nacional de Educação e a matrícula obrigatória
dos 4 aos 17 anos, já que há ainda 3 milhões de crianças e jovens nessa
faixa etária fora da escola.
Os
parlamentares lembraram que, em junho de 2016, além da regulamentação
do artigo 211 da Constituição Federal que cria o SNE - segundo o qual a
União, os estados, o Distrito Federal e os municípios deverão organizar
em regime de colaboração seus sistemas de ensino; também deverá estar regulamentado o artigo 23,
que diz ser competência comum dos entes federados proporcionar os meios
de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
inovação, sendo necessário que municípios e estados já tenham seus
planos aprovados.O secretário de assuntos educacionais da CNTE e coordenador do Fórum Nacional de Educação, Heleno Araújo, falou sobre o planejamento necessário para garantir os 10 anos de PNE: “Não podemos continuar com esses planos de 4 anos, que mudam a cada governo. Sem um planejamento real não é possível avançar nesse direito à educação”.
Entre as metas do PNE estão: erradicar o
analfabetismo absoluto; reduzir em 50% a taxa de analfabetismo
funcional; investir 10% do produto interno bruto (PIB) no setor;
alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o fim do 3º ano do ensino
fundamental; e oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50%
das escolas públicas, de forma a atender pelo menos, 25% dos alunos da
educação básica. CNTE
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