Contagem regressiva!
Falta pouco, muito pouco para chegarmos em Plutão. Percorrendo mais de 1 milhão de quilômetros a cada dia, a sonda New Horizons deve passar pelo sistema plutoniano de luas dia 14 próximo, terça-feira, e a cada hora que passa a ansiedade só aumenta.
Cada imagem nova que chega é sempre melhor do que a
anterior, muitas vezes obtidas poucas horas antes. Imagine que a uma
velocidade de 50 mil km/h os alvos “crescem” nas fotos e sua resolução
melhora junto.
Trocando em miúdos, a cada nova foto, mais e
melhores detalhes são vistos. Por exemplo, essa última imagem obtida
quinta feira (9) com Plutão e Caronte (sua lua) mostra uma fatia bem
fina e clara do Hemisfério Sul de Plutão.
Essa fatia não havia aparecido em imagens
anteriores por causa da combinação entre distância e ângulo de visada.
Temos que lembrar que Plutão tem uma rotação de cerca de 3 dias, o que
deixa mais difícil de observar toda a sua superfície a uma velocidade
dessas. Aliás, uma coisa interessante é que por causa dessa velocidade
toda, as imagens que você tem visto ultimamente tiveram apenas 0,1
segundo de exposição! São curtíssimas mesmo, para que não saiam
borradas.
As fotos, por enquanto, têm a função de ajudar na
navegação da sonda, isto é, não têm o caráter científico necessário para
uma análise mais robusta e servem para mostrar que não tem nada no
caminho que possa atrapalhar, bem como assegurar que a nave está no
caminho planejado. Imagens de ciência devem começar a ser tomadas a
partir do próximo domingo, dia 12.
Depois desse problema relatado no post abaixo, a
nave não teve mais nenhuma intercorrência. A explicação dessa falha de
comunicação foi a seguinte: um erro na programação dos comandos a serem
executados pela sonda fez com que ela fizesse duas coisas ao mesmo
tempo: a compactação dos dados e a gravação deles na memória física, que
nada mais é do que um ‘pen drive’ a bordo.
Sobrecarregado
Executar essas duas tarefas ao mesmo tempo sobrecarregou o processador da nave que imediatamente entrou em modo de segurança, desligando todos os instrumentos científicos, posicionando a antena diretamente para a Terra e alterando para o computador de back-up.
Executar essas duas tarefas ao mesmo tempo sobrecarregou o processador da nave que imediatamente entrou em modo de segurança, desligando todos os instrumentos científicos, posicionando a antena diretamente para a Terra e alterando para o computador de back-up.
Entre a interrupção das comunicações e a solução do
problema, passaram-se 3 dias e nesse meio tempo umas 20 imagens
deixaram de ser obtidas e mais um tanto de outros dados também não foram
coletados. O impacto na ciência da sonda será de apenas 1% e se referem
aos objetivos secundários e terciários, nada que possa comprometer
nenhuma das suas atividades.
Depois de identificado o problema, a nova sequência
de operações foi enviada e em nenhum momento haverá nova operação de
compressão e gravação de dados como feita semana passada, de modo que
pelo menos esse problema não deve ocorrer novamente.
Essa nova sequência transmitida já colocou a nave
em modo de “encontro” desde o último dia 7, ou seja, desde esse dia a
nave já sabe o que deve fazer até o dia 16. Além dessa sequência de
ações, o modo de “encontro” prevê ações automáticas para resolver
problemas como esse último da semana passada.
Caso encontre algum problema sério, em vez de
desligar tudo e entrar em modo de segurança, a nave simplesmentetroca de
processador, passando para o de back-up. Então, dá reiniciará seu
processador principal e segue seu caminho.
Esse processo leva entre 1h e 1h30. Quando o
sistema operar novamente, a sequência de operações será retomada como se
nada houvesse acontecido, ou seja, a partir do ponto em que ela voltar a
operar, esquecendo-se de tudo o que deveria ter feito enquanto mudava
para o back-up.
Isso deve minimizar os prejuízos com uma falha
inesperada. Veja que entre detectar o problema, analisar, resolver e
enviar nova sequência de operações, o comando da missão leva quase 3
dias e, hoje, nós estamos a apenas 4 dias da máxima aproximação. Sem uma
sequência dessas, a missão estaria irremediavelmente comprometida, caso
alguma falha acontecesse.
Dia 12, então, devem chegar as últimas imagens de
navegação da New Horizons, que são panorâmicas, como essa do post, e as
de ciência, um pouco mais detalhadas vão começar a ser obtidas.
Há uma sequência predeterminada para transmissão
dos dados de volta para a Terra. Precisamos considerar que, para mandar
os dados, a nave precisa de quase 8 horas (sem contar o tempo de viagem
dos dados, que demoram mais 4,5 horas).
Nesse tempo a coleta de novos dados fica
comprometida. Por isso, só vamos receber as imagens da máxima
aproximação de Plutão (que se dará dia 14, às 08h49 do horário de
Brasília) no dia seguinte.
Mais tarde, tipo 22h10 do dia 14, a New Horizons
deve fazer uma “chamada” rápida para casa e deve enviar apenas dados de
telemetria para indicar que ela sobreviveu ao encontro.
A nave vai cruzar o plano dos satélites do sistema a
apenas 12.500 km de distância de Plutão e 18 mil km de Caronte! As
chances de haver uma pedra no meio do caminho não são pequenas e, por
menor que ela seja, uma colisão a 50 mil km/h pode destruir a sonda. O
controle da missão precisa saber se tudo correu bem e se a nave estará
viva para enviar a sequência de operações após o encontro.
Estamos de olho! O Observatório estará de plantão para registrar essa missão histórica, não perca as atualizações!! CIÊNCIA E SAUDE
Crédito: NASA/JPL-APL/SWRI O homem multiplicando a ciência e Deus está no controle.
Nenhum comentário:
Postar um comentário