7 coisas que você precisa saber sobre assédio (ilustradas com obras de arte)
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"Ai, cara, deixa a gente em paz" - "Bocaccio na corte de Juana de Nápoles", de Gustave WappersVocê está caminhando pela rua, a caminho do trabalho e, de repente,
houve uma cantada. Daquelas que arrepia até seu último fio de cabelo,
vinda de um completo estranho. É legal? Não é legal. pesquisa Chega de Fiu Fiu
demonstrou o quanto esse momento desagrada a maioria das mulheres: das
7762 participantes do levantamento, 83% delas disse que não gostava de
passar pela situação. 2. Não funciona
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"Não vou me interessar por você, cara, não insiste" - "Dois amantes", de Marcus StoneNão existe pesquisa alguma que mostre que a moça vai se interessar
pelo cara, na hora que ouvir um "gostosa", "delícia" ou similares. Ainda
que essa seja uma das justificativas mais usadas para tornar o assédio
menos grave e aliviar a barra de quem assedia. Quantas garotas já
ficaram com os rapazes que fizeram tamanha gentileza? Por outro lado, o mínimo de reação é a indiferença, e o mais comum é o
medo de responder. Das entrevistadas na Chega de Fiu Fiu, o medo foi o
sentimento mais expressado. 3. Mulheres ouvem isso desde cedo
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"Não aguento mais isso aí - "Amantes em um jardim", de Marcus StoneUm estudo feito pela Universidade Cornell, nos Estados Unidos, em parceria com a iniciativa Hollaback,
mostrou que esse ritual se repete desde a infância ou comecinho da
adolescência. Foram mais de 16 mil entrevistadas em 42 cidades ao redor
do mundo, e 13% encarou o assédio pela primeira vez antes dos 10 anos de
idade. E 71% passaram por isso dos 11 aos 17 anos. O projeto Everyday Sexism
já reuniu vários relatos que se encaixam nesse perfil e mostram que,
mesmo muito novas, as mulheres já ouvem comentários invasivos nas ruas. 4. Ah, e não é um elogio
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"Cara, não tenta me explicar que a cantada foi um elogio" - "Conversa de casal", de Simon GlücklichBem, se fosse um elogio não geraria medo (a sensação já apontada nas
pesquisas) nem seria incômodo. Aliás, a pesquisadora sobre violência de
gênero Holly Kearl já destacou que,
em geral, comentários que não tem a ver com o gênero da pessoa (ou
seja, que não só destinado a mulheres, como o "gostosa" comumente
ouvido), sorrisos e elogios são recebidos bem. Quando se trata de um
gesto agressivo, a coisa muda de figura. Um estudo canadense, publicado
no Journal of Research in Crime and Delinquency, verificou que, de 12
mil entrevistadas, 80% já haviam sofrido algum tipo de assédio em
espaços públicos. Para piorar, elas relataram se sentir menos seguras em
suas cidades justamente por isso. E faz sentido: em geral, se uma mulher não gosta dessa invasão e
reage, a postura dos caras muda. Ainda na campanha Chega de Fiu Fiu, as
participantes relataram ouvir que eram "metidas" e "mal comidas", já que
não ficavam quietas diante de uma agressão. 5. A roupa não importa
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"Até de freira ele enche o saco, meu deus do céu" - "Amor ou dever", de Gabriele CastagnolaSe ainda restam dúvidas, a iniciativa Stop The Catcall
já mostrou que, seja de shortinho, seja usando um moletom surrado,
mulheres recebem cantadas. Entre as fotos enviadas para o site, estão
mulheres com camisetonas brancas, com vestidos coloridos e até
fantasiadas de zumbi. E o assédio continua... 6. Não é "da natureza do homem", nem próprio de um só lugar
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"Não aguento mais esses caras me chamando de gostosa por aí" - "A princesa que nunca sorria", de Viktor VasnetsovGene nenhum condiciona os marmanjos a assediar mulheres, claro. O
assédio em espaços públicos acontece em todos os países, não só
naqueles considerados menos desenvolvidos. As principais organizações
que pesquisam o assunto destacam que essa é uma questão de poder, mais
do que qualquer coisa. Os caras berram por aí para dizer quem é que
manda no espaço público e para reafirmar que não importa se a mulher
está desconfortável. E as mulheres do mundo todo se sentem podadas por isso. Não é a toa
que 95% das indianas que participaram de uma pesquisa do Centre for
Equity and Inclusion afirmaram que a mobilidade delas em espaços
públicos era reduzida pelo medo do assédio. No Egito, 96,5% das mulheres
que responderam à pesquisa da ONU Mulheres disseram que estranhos
tentavam tocá-las em espaços públicos (agarrar, puxar pelo braço, tentar
acariciar alguma parte do corpo) e que 95,5% também enfrentavam
agressões verbais. 7. Há várias iniciativas que combatem o problema
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"Sai daqui, na boa" - "The embrace", de Frederic SoulacroixComo os casos de agressões estão vindo à tona, as iniciativas para combatê-los se multiplicaram. A Defensoria Pública de São Paulo já lançou cartilhas sobre o assunto, há um mapa colaborativo em que mulheres relatam seus casos e há eventos internacionais para discutir o problema. Também nos casos de assédio nas ruas, o que vale é o #ChegadeSilêncio. SUPERINTERESSANTE
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