30/11/2015 05h45
- Atualizado em
30/11/2015 05h45
Jovem implanta prótese de crânio em 3D após retirar tumor em Brasília
Universitária tem 24 anos e sofre de síndrome que torna osso poroso.
Ela notou problema após osso acima da sobrancelha direita crescer.

A indicação foi dada pelo médico que a acompanhava. Santana procurou ajuda em novembro do ano passado, depois de perceber que o osso em cima da sobrancelha direita havia começado a crescer.
“Eu olhava para cima e aquilo já estava me atrapalhando a enxergar. Eu usava franja para poder esconder, porque dava diferença em relação ao outro lado”, lembra. “Aí começou a comprimir meu olho e estava alterando minha visão. Fiquei preocupada.”
Já na primeira consulta o profissional suspeitou que a jovem estivesse com um tumor provocado por uma síndrome rara conhecida como displasia fibrosa. Exames comprovaram a presença da neoplasia, considerada benigna. De acordo com o otorrinolaringologista e cirurgião Diderot Parreira, a doença não mata.
“O que ela faz é provocar esses tumores, que complicam. Eles vão crescendo e empurrando tudo o que está em volta – no caso da Santana, o cérebro e o olho”, explica o médico. "Não causa nem dor."

Também é comum colocar uma malha de titânio, que parece uma peneira de ferro. “Não dá proteção adequada, porque é maleável”, afirma o profissional.
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Depois de discutir as possibilidades com o médico, Santana decidiu
tentar a prótese 3D e pediu autorização ao plano de saúde. O pedido foi
inicialmente negado, mas ela recorreu e obteve resposta favorável seis
meses depois.O material foi construído em uma empresa de Brasília, a partir de tomografia de alta resolução – a metade saudável do crânio foi espelhada para ser usada como referência. A confecção levou quatro dias.
A cirurgia de retirada do tumor e reconstrução levou seis horas. Três médicos se envolveram no processo, que ocorreu no dia 3 de setembro. Depois, a jovem passou três dias na UTI e ficou com um dreno na cabeça. Os pontos foram retirados duas semanas depois. Ela não precisou raspar o cabelo e não teve nenhuma sequela.
“Minha recuperação foi rápida. Tive uma boa cicatrização, fiquei muito inchada no primeiro mês, mas eu tinha um corpo estranho dentro de mim, né? Mas, depois de 30 dias começou a desinchar. E depois de 45 dias voltei a trabalhar e a estudar, a ter as minhas atividades normais”, conta Santana.

Susto
A jovem, que mora em São Sebastião e trabalha como agente de atendimento em um sindicato, conta que ninguém na família dela havia tido a doença antes. “Hoje eu valorizo mais a vida, até porque eu tive sorte, eu poderia ter perdido a visão.”

DF (Foto: Santana Rodrigues/Arquivo Pessoal)
O otorrinolaringologista e cirurgião Diderot Parreira explica que a displasia fibrosa é provocada por uma alteração genética. Ela pode se desenvolver em qualquer osso do corpo, e por isso os portadores precisam fazer acompanhamento médico. No caso de Santana, de três em três meses.
“Não tem remédio contra e também não tem cura. É [uma síndrome] incomum, de progressão lenta e mais frequente em jovens”, diz. “No caso da Santana, não temos garantia de que ela não passará por isso de novo. A certeza que a gente é que ela não vai mais ter [tumor] naquela região.”
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