Cientistas implantam “vaginas artificiais” em pacientes com síndrome rara
Cientistas
do Centro Médico do Hospital Wake Forest, na Carolina do Norte,
apresentaram os resultados de uma pesquisa pioneira. A partir do tecido
de vaginas de algumas mulheres, a equipe construiu moldes biodegradáveis
implantados em quatro meninas que nasceram sem órgãos sexuais. As
pacientes tinham casos extremos da Síndrome de
Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MKRH), uma doença que impede a mulher de
ter ciclos menstruais ou relações sexuais.
“Este estudo piloto é o primeiro a demonstrar que os órgãos
vaginais podem ser construídos em laboratório e usados com sucesso em
seres humanos”, disse Atlantida-Raya Rivera, autor e diretor do
Laboratório de Engenharia Tecidual HIMFG. “Pode ser uma nova opção para
os pacientes que necessitam de cirurgias de reconstrução de vagina. Além
disso, esse é mais um exemplo de como as estratégias de medicina
regenerativa podem ser aplicadas a uma variedade de tecidos e órgãos”,
completa. De acordo com a pesquisa, o tratamento também pode ser
aplicado a pacientes com câncer vaginal ou que sofreram outros tipos de
ferimentos.
Após o recolhimento das amostras do tecido muscular, os
pesquisadores escanearam as imagens e a partir delas criaram um molde em
3D sob medida para cada paciente. Os moldes com as células foram
mantidos em uma incubadora, que fica em um local específico para a
fabricação de tecidos humanos. Dessa forma, os moldes podem alcançar o
tamanho desejado e depois ser implantados com cirurgia em cada uma das
pacientes.
Veja como foi feito o material:
Cerca de cinco a seis semanas após a biópsia das amostras
coletadas, os cirurgiões criaram um canal na pélvis das pacientes, uma
espécie de “andaime” para estruturas reprodutivas. O laboratório de
Rivera mostrou que uma vez que esses “andaimes de células” são
implantados no corpo, nervos e vasos sanguíneos se formam e as células
se expandem em forma de tecido.
As cirurgias foram realizadas entre junho de 2005 e outubro
de 2008, com pacientes que tinham entre 13 e 18 anos. Desde então, as
meninas fizeram visitas médicas anuais. Os relatórios do acompanhamento
mostram que, mesmo até oito anos após as operações, os órgãos funcionam
normalmente. Além disso, as pacientes afirmaram ter a função sexual
normal após o tratamento, incluindo desejo e relações sexuais sem dor.
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