Uma reviravolta que não estava sendo
esperada aconteceu: As periferias das classes sociais começaram a ter
acesso às Redes Sociais. Conseguiram expressar suas inquietações a
partir do seu mundo, suas exclusões e anonimatos. Os sem voz e sem
oportunidades de fala nos grandes centros se organizaram para ir aos
lugares mais visíveis. Ninguém pode segurar. Até os Rolezinhos começaram
a acontecer. Os jovens, que ainda não têm concepções ideológicas
determinadas, mostraram que existem vontades que precisam ser
compartilhadas. Querem estar com os outros e mostrar uma face que os
pais já não conhecem. Estes sinais demonstram que vivemos uma época nova
na política brasileira, que, sem dúvida, ainda não visualizamos aonde
vai parar. E não sabemos para onde vai porque sempre tivemos uma
política desagregada da administração, sem planejamento e objetivos para
longo prazo. Não existe política de estado, mas de governo. Quando um
quer se perpetuar no poder e para isso, os fins justificam os meios, o
pragmatismo político torna as possibilidades imediatas o caminho mais
fácil a ser percorrido; e por isso, todos querem um lugarzinho, pois
sabem que terão poder e dinheiro, mesmo sem qualificação e probidade
ética. O vício gera vício.
Existe um Caos Social que a política
brasileira reconhece; mas não está preocupada, nem tem competência para
enfrentar. Se o fizesse, perderia o Status Social que determinou a
história política, geográfica e econômica deste País. Vejamos que a
falta dos Direitos Sociais Básicos é uma chaga que aflige a vida de
todos os cidadãos desta tão amada nação. Quando falo de Caos Social,
volto minha leitura da realidade para estas carências do dia a dia das
populações, principalmente, as mais pobres e sofridas. Diante disto,
deveríamos nos perguntar: Por que investimos tanto em festas
carnavalescas, quando, o que o povo mais precisa é que outros serviços
sejam atendidos? Por que não perguntam à população? O jogo do pão e
circo funciona, mas é sintoma da ausência dum nível de educação de
qualidade, que deve ser pensada integralmente, desde a melhoria da
situação formativa e econômica dos professores até o cuidado humanizado
de todos os alunos e demais funcionários; e ainda, duma falta de
sensibilidade dos representantes para com suas responsabilidades,
enquanto servidores do Povo e zeladores do Bem Social. O Carnaval pode
ser visto como cultura, quando parte dos sentimentos que foram tecidos
na e pela história dum povo. Como nos falta conhecimento, o sem sentido
confunde ainda mais as nossas raízes.
Diante destas complicações sociais e
carências de bens e serviços que estão nas nossas cidades e pequenas
comunidades, será que não poderíamos rever as prioridades que deveras
são importantes para as pessoas? No mínimo, nos preocupemos com o justo
meio. Lutemos para que a segurança pública, a saúde, a educação, o
esporte, o saneamento básico, o cuidado com as periferias das cidades, a
prevenção e o combate às drogas, trabalho e outros bens sociais sejam
buscados para a promoção humana de todos! Não deixemos que o êxtase
confunda este despertar social e político dos cidadãos, pois de modo
mais politizado e sem violência, esperamos que isto não pare. Por fim,
falar em Carnaval e Caos Social é, antes de tudo, instigar uma reflexão
de todos para que num País que sedia uma Copa do Mundo a preocupação
pela Justiça Social não seja esquecida e o que é para o Bem Comum seja
uma luta constante dos que têm consciência do seu protagonismo na busca
por um mundo melhor, a partir da nossa realidade e do nosso chão. Assim o
seja!
Pe. Matias Soares
Pároco de São José de Mipibu-RN e Vig. Episcopal Sul
Pároco de São José de Mipibu-RN e Vig. Episcopal Sul
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